Era uma vez dois amigos que foram criados juntos. O primeiro conseguiu descobrir o prazer em aprender, investimento boa parte do seu tempo nessa atividade. Já o segundo resolveu que não era preciso dedicar-se com tanto cuidado. Obedecia sempre a sua voz interior, fazendo primeiro o que queria e, depois, no tempo que lhe sobrava, o que realmente era preciso.
Certo dia o reinado abriu concurso para prestadores de serviços ao rei. Os dois amigos passaram. A sorte maior apareceu para o primeiro. Foi contratado como conselheiro do rei. Já o segundo conseguiu serviço como remador no navio da realeza. Um dia o rei e seus conselheiros embarcaram para uma viagem no mar.
Falavam de negócios enquanto aproveitaram a brisa que soprava. Enquanto isso, mais próximo da popa, os remadores suavam para fazer o navio seguir adiante.
O remador, vendo seu amigo de infância bem à vontade em companhia do rei, ficou abalado, e quanto mais pensava, mais furioso ficava. Ao anoitecer, já cansado de tanto remar, não se conteve e começou a resmungar para outro amigo remador:
- Olhe aqueles inúteis. Intitulam-se conselheiros estratégicos, mas ficam à toa, jogando conversa fora. Por que é que temos de suar tanto para levar o navio deles adiante? Isso não é justo! Afinal, não somos filhos de Deus?
Ao ancorarem o navio para pernoitar, o remador foi acordado no meio da noite por uma mão que lhe sacudia. Era o rei em pessoa e lhe pediu, falando baixo:
- Há um barulho esquisito vindo daquela direção disse, apontando para a terra – Não consigo dormir, imaginando o que seja. Por favor, vá e descubra o que é. O remador pulou do navio e subiu para o alto de um morro.Voltou pouco depois com a informação:
- Não é nada, Vossa Majestade. São alguns lenhadores cortando arvores, por isso há tanto barulho na floresta.
- E quantos lenhadores são?
O remador não tinha se dado ao trabalho de olhar com mais cuidado. Pulou do navio. Nadou até a praia. Correu morro acima. Voltou.
- Vinte e um, Vossa Majestade.
- Que tipo de árvore é?
Ele esqueceu de reparar.Lá voltou e retornou, dizendo:
- Pinheiros, Vossa Majestade.
- Por que estão cortando as arvores? Lá foi ele de novo…
- Para vender, Vossa Majestade.
- Quem é o dono das arvores? De novo ele teve de voltar.
- Disseram que é um homem muito rico, Vossa Majestade.
- Obrigado. Agora venha comigo, por favor. Os dois, o rei e o remador, foram até a proa do navio e o rei acordou o conselheiro:
- Conselheiro, há um barulho esquisito vindo daquela direção – disse, apontando para a terra – Não consigo dormir, imaginando o que seja. Por favor, vá e descubra o que é. O Conselheiro desapareceu rumo a terra e voltou pouco depois.
- É uma equipe de lenhadores, Vossa Majestade.
- E quanto é?
- Vinte e um, Majestade.
- Que tipo de árvore é?
- São pinheiros, Majestade. Excelentes para construir casas.
- E por que estão cortando as árvores?
- Para negociar, Majestade. O reflorestamento de pinheiros é do prefeito do vilarejo. Ele realiza o corte a cada dois anos. O corte é autorizado. Mostrou-me o oficio. Ele pede desculpas pelo barulho e convida Vossa Majestade para o café da manhã, que será preparado especialmente para recebe-lo.
O rei olhou para o remador.
- Remador, ouvi seus resmungos. Sim, todos nós somos filhos de Deus. Mas todos os filhos de Deus têm seu trabalho para executar. Precisei manda-lo cinco vezes a terra para obter respostas. Meu conselheiro foi uma vez só. E é por isso que ele é meu conselheiro estratégico e você fica com os remos do navio.
Autor desconhecido